Moon





"Ground control to major Tom, take your protein pills and put your helmet on."

"Ground control to major Tom, commencing countdown engines on…"


Abria assim David Bowie o seu álbum de 1969, ‘Space Oddity’, sobre um astronauta deprimido no espaço. Em 2009, o seu filho, Duncan (Zowie) Jones, estreia no cinema filmando a sua própria visão de uma odisseia no espaço. Perdoem-me os clichés, mas depois da espera, da antecipação e interesse perante Moon, pode-se dizer que o filme está bem ao nível das expectativas criadas.

Mais do que um filme de ficção-científica, ou até de uma visão pensativa e desconcertante de um futuro muito próximo, Moon é um filme inteligente, que consegue injetar um interessante e intrigante relato humano neste ambiente futurista, concentrando-se totalmente na sua história. Um retrato de um simples trabalhador no espaço (Sam Rockwell), onde a sua única companhia é Gerty (voz de Kevin Spacey) um robô de controle (e muito anti HAL), atencioso, amigo e preocupado, apesar de algumas cenas fazerem mesmo lembrar o mítico e intenso robô de 2001: Uma Odisseia no Espaço.

Para Sam Bell as suas plantas e a sua maquete (que perdeu horas e horas construindo) são as suas únicas distrações, assim como mensagens gravadas da terra. A 2 semanas de acabar o seu contrato de 3 anos, Sam sofre um acidente que dá origem a um estranho acontecimento onde começa a duvidar da sua insanidade e até mesmo da sua existencialidade. Sam tem apenas um desejo: de voltar pra casa, para junto da sua mulher e da sua filha de 2 anos, que viu crescer apenas por videos enviados da terra.


Moon é nada mais do que um drama humano, uma história de amor e coragem a si próprio.

A interpretação de Sam Rockwell vale o filme, tanto emocionalmente como fisicamente. Ele é dinâmico, multi facetado, ele é a grande atração do filme. O empenho do ator é notável, mais que isso, ele respira o personagem de Sam Bell. Apenas quem anda distraído não sabe as potencialidades deste ator, e, no entanto, voltamos à mesma história: nunca foi nomeado para o Oscar apesar dos mais variados filmes como Choke – Asfixia, Amigos do Alheio, Confissões de uma Mente Perigosa e À Procura de um Milagre, só para enumerar alguns.

Os outros grandes destaques vão para a fotografia de Gary Shaw, que é de um realismo impressionante. E os efeitos especiais filmados com modelos em miniatura (num presente onde o CGI reina). ‘Muito’ não significa ‘melhor’, e Moon é um perfeito exemplo disso. De salientar também a trilha sonora de Clint Mansell que ajuda para a lenta progressão do ambiente do filme, a isto tudo juntar-se uma realização convicta e inspirada.

Longe dos atuais blockbusters do genero e apesar das suas pesadas e notáveis influências, Moon nem precisava ser rotulado como uma aproximação aos filmes de ficção-cientifica dos anos 70/80, porque ele é de fato um excelente filme em qualquer década. Melhor que isso, é um filme que certamente irá crescer pelos anos fora. Obra prima? Isso só o tempo dirá…

"I’m the original Sam Bell! I’m Sam fucking Bell!"


Ricardo de Souza

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